Indústria de caixas de papelão tem início de ano movimentado, e melhor que o esperado 

O ano de 2024 começou movimentado para a indústria de embalagens de papelão ondulado. Globalmente, a partida de xadrez entre os players do setor lançada com a fusão de WestRock e Smurfit Kappa (SK) teve novos lances e, no início desta semana, as britânicas DS Smith e Mondi chegaram a um acordo de combinação de suas operações.

No Brasil, que também vai sentir os efeitos dessa onda de consolidação, as expedições de caixas, chapas e acessórios de papelão, importante indicador do nível de atividade industrial, vieram acima do esperado até fevereiro e já há quem veja espaço para que a estimativa de 1% de crescimento anual seja superada.

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Indústria de caixas de papelão tem início de ano movimentado

A compra da WestRock, a maior da América do Norte, pela irlandesa SK, a maior na Europa, dará origem a um gigante com receitas de US$ 34 bilhões por ano, presença em 42 países entre os quais o Brasil, dono de 67 fábricas e de cerca de 500 unidades de conversão de papelão ondulado em caixas, líder no ranking mundial. A transação, que será concluída até julho, está dentro do cronograma previsto.

A primeira grande resposta a este movimento foi a aproximação entre as rivais Mondi e DS Smith. Na segunda-feira, os conselhos de administração das empresas anunciaram que chegaram a um acordo que prevê a compra da DS Smith pela Mondi, resultando em uma companhia com mais robustez — e ativos industriais na Europa, América do Norte e África do Sul — para competir com a Smurfit WestRock.

Pelo acordo, os acionistas da Mondi terão 54% da empresa combinada e os da DS Smith, 46%. “A combinação é uma excelente oportunidade para criar um líder pan-europeu de embalagens sustentáveis à base de papel, com presença geográfica complementar e de forte balanço patrimonial e fluxo de caixa”, informam as empresas no documento assinado em 7 de março. Não está escrito, mas é claramente um movimento que visa a assegurar a liderança no mercado europeu, onde a demanda por caixas de papelão não andou exatamente aquecida nos últimos anos, entre as empresas do Reino Unido.

A combinação das operações de WestRock e SK também terá reflexos no Brasil. Considerando-se dados públicos por empresa de 2021, a Klabin segue na dianteira e ainda distante da Smurfit WestRock, que vai substituir a própria WestRock na vice-liderança. Naquele ano, enquanto a Klabin expediu 957,1 mil toneladas de caixas, chapas e acessórios de papelão, WestRock e Smurfit Kappa produziram e venderam no país cerca de 557 mil toneladas juntas, quase 60% do volume que a companhia brasileira colocou sozinha no mercado.

Vale notar que as três companhias investiram em expansão de lá para cá. A Klabin, hoje dona de 24% do mercado, está perto de colocar em operação uma nova fábrica, em Piracicaba (SP), mediante investimentos de R$ 1,6 bilhão, com capacidade anualizada de 240 mil toneladas, o que vai conferir ainda mais fôlego em um mercado estruturalmente crescente. Se no topo do ranking nacional não haverá grande mudança, o mesmo não deve acontecer entre clientes que têm WestRock e SK como fornecedores no país.

Contratos de fornecimento de longo prazo e abrangendo volumes significativos são comuns na indústria, mas quem depende desse tipo de embalagem para despachar seus produtos raramente fica exposto a uma única fonte de suprimento, até para evitar uma possível ruptura na oferta. Tradicionalmente, os consumidores desse tipo de embalagem, que é mais customizada do que se pode supor, trabalham com margem de segurança de pelo menos 10% — ou seja, nunca estão expostos a um único fornecedor.

Portanto, é provável que, entre aqueles que tinham suas necessidades atendidas por WestRock e SK no país, haja uma redistribuição para os demais players — não só Klabin, mas também Irani, Adami, Klinegele e outras. Em termos de demanda, as notícias são alvissareiras para o setor. Na pandemia, o consumo de caixas de papelão ondulado foi favorecido pelo crescimento do delivery e do comércio eletrônico, cuja expansão se manteve. Nesse ambiente, entre 2020 e 2021, foram marcados sucessivos recordes na indústria, que mudou de patamar em termos de expedição de caixas.

Pesquisa mostra preferência por embalagens de papel

A busca por materiais mais sustentáveis — caso do papel ante o plástico — contribuiu para essa dinâmica positiva. Depois de um 2023 relativamente morno — houve crescimento no Brasil, apesar da retração da demanda na maior parte dos mercados mundo afora —, as expedições de chapas, caixas e acessórios de papelão ondulado voltaram a surpreender em 2024. Segundo prévia da Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel), o Índice Brasileiro de Papelão Ondulado (IBPO) subiu a 145,5 pontos (2005=100), com 326,723 mil toneladas expedidas no mês passado, alta de 11,1% na comparação anual.

Segundo a Empapel, esse é segundo maior volume para os meses de fevereiro desde o início da série histórica, atrás apenas de fevereiro de 2021, que teve 332,024 mil toneladas. Considerando-se os dados livres de influência sazonal, o IBPO avançou 1,4%, para 156,0 pontos. Em volume, foram 349,631 mil toneladas expedidas. No setor, há quem veja margem para que a expansão no ano vá além de 1%.Fonte: valor.globo.com